Reinventemos o “middle man”

O consumidor actual encontra-se num grau de sofisticação nunca antes imaginado o que significa que, em negócios tão díspares como automóveis ou até mesmo seguros é cada vez mais comum ele querer ter acesso “à fonte” (o fabricante no caso de produtos ou fornecedor principal no caso de serviços) e recolher o máximo de informação possível, facilitando a tomada de decisão.

Este acesso, possibilitado em grande medida pela utilização massiva da internet, parte do interesse e da curiosidade do cliente mas também da vontade das empresas em dar a conhecer a sua história, os seus valores e a sua visão. Para isso as empresas constroem uma narrativa, alinhada com a sua identidade, visando propiciar uma relação efectiva com a marca e a consequente contrapartida, ou seja, ser lembrada no tão desejado momento da compra! (top of mind)

Se reflectirmos acerca de um seguro de saúde por exemplo, é hoje possível entrar no site (ou aplicação) da empresa, obter orientação telefónica de um especialista, seleccionar a opção mais adequada e comprar no próprio momento…mas e se pensarmos numa marca automóvel? Temos a hipótese de entrar directamente no site do construtor, seleccionar a gama e o modelo que mais nos agrada, verificar características e talvez até nos sejam apresentadas algumas hipóteses de personalização mas dificilmente temos acesso ao preço final e não nos será possível adquirir directamente ao fabricante.

Constatamos portanto que nem sempre a relação existente entre fabricante e cliente significa um canal directo de venda, todavia é interessante reflcetir acerca da forma como a comunicação tem ganho importância (alavancada evidentemente pelas redes sociais) e o protagonismo do intermediário altera-se de sector para sector (como ficou provado nos exemplos anteriores), passando de negócios em que o revendedor é peça-chave (venda de automóveis novos) para negócios em que simplesmente não existe (seguro de saúde). 

Colocar em contacto a oferta e a procura é um desafio antigo mas as ferramentas que temos ao nosso alcance neste momento são únicas e por isso as oportunidades multiplicam-se…será que o comboio passa duas vezes?

Artigo sobre o papel do intermediário num contexto altamente digitalizado, onde a informação é abundante e o cliente pode aceder à fonte.
Publicado em Março de 2019 (Odivelas Notícias).